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Postado em 25 de Maio de 2016 às 09h35

A crise masculina, diante de tantas mudanças e novas exigências

Ainda confuso diante das novas – e às vezes conflitantes – conquistas e solicitações femininas e sociais, o homem esforça-se para mudar, teme perder o lugar historicamente garantido, mas acumula ganhos inegáveis à medida que lida melhor com seu lado emocional.

A crise que nossa cultura passa hoje é uma crise que questiona os padrões da masculinidade. Começa nos anos 60 com todo o movimento mundial por mudanças. Houve um questionamento muito grande dos padrões do que estava se esperando do ser humano. Na década de 70 começou esta questão da sensibilização do homem, da necessidade de mudança da postura masculina.

O homem se depara hoje com novas exigências da mulher, antes ela tinha vida familiar somente ao redor dos filhos e a vida sexual somente com um homem, hoje ela tem termos de comparação, além de conversar com amigas sobre o assunto. E o pedido da mulher se torna ambíguo. Por um lado ela busca um homem que deixe aflorar sua sensibilidade, que mostre de forma mais humana seus sentimentos...mas ainda sente-se mal em ver um homem fragilizado, com medo, chorando. Não sabe como agir, fica sentindo-se culpada. E na realidade quando se consegue esse tipo de comunicação na relação, de cada um poder explicitar o seu sentimento, a relação torna-se ainda mais forte, porque ninguém é o “todo poderoso”.

As mulheres têm mesmo um jogo de cintura para lidar com as relações afetivas muito melhor do que o homem. Assim como descobre um jeito de fazer menos força física e criar uma máquina, o homem também descobre o jeito de ter relações sexuais sem se envolver. Isso ele resolve facilmente – como ter uma vida sexual sem fazer força, a força que seria o envolvimento afetivo. Mas o domínio das relações afetivas foi abortado dele, do inconsciente..

Ele tinha isso quando criança, com a mãe, com a família. Mas quando foi crescendo foi ouvindo: “ homem não chora”. E quando foi a luta no campo de trabalho, mesmo com medo, não falou, se escondeu dentro de si mesmo. Não podia entrar em contato com o que sentia.

A mulher, por sua vez, teve todo o tempo para sentir, ser tímida, frágil, pedir ajuda, não querer se expor muito ao mundo, ficar em casa mais apegada à mãe. Assim, a mulher vai desenvolvendo a aoutopercepção do que sente em relação às pessoas e vai aprendendo a lidar com isso. E hoje, com a conquista da formação profissional e intelectual, sabe muito mais como as relações acontecem. Se articula mais, se não está bem com “x”, procura “y”, se está sozinha procura companhia dos amigos...Já o homem não sabe lidar com isso. Busca múltiplas relações e se enfia rapidamente numa relação com o pânico de ficar sozinho. Acaba num beco sem saída. E fica lá porque é melhor estar num lugar em que tenha uma constância afetiva relativa, mesmo infeliz. São as nossas diferenças. Não estamos falando de certo e errado, estamos falando de diferenças de educação, e vale aqui lembrar que quem educa um homem (menino) ainda é uma mulher.

Em muitos momentos os homens sabem o que as mulheres querem, sabem do que precisam, mas não tem disposição de discutir isso. E sofrem mais de inúmeras doenças por não falarem de seus sentimentos. Mas não sabem faze-lo e têm medo de perder o controle sobre suas emoções (que sempre aprenderam a deixar guardadas) se falarem sobre elas. Todos nós temos falhas, medos, tristezas, alegrias...Ninguém é “super” o tempo todo. E quando exigimos isso do outro estamos colocando em suas costas um peso muito grande, o peso de não poder ser quem realmente é.

Em minha prática clínica há homens que buscam psicoterapia especificamente para tratar da sexualidade, (isso precisa ser feito por algum profissional que tenha formação na área, ou seja, em sexologia), e aqui é importante lembrar que a relação sexual é um espelho da relação afetiva. A mulher cresceu, lutou, conquistou espaços. O resultado pode ser, para o homem, mais insegurança. E na cama isso pode manifestar-se como o nome de ejaculação precoce. (Como o problema não é só dele, é importante que sua parceira participe da busca de soluções.)

Homens e mulheres representam sempre vários papéis dentro de um relacionamento. Um homem deve ser para uma mulher um pouco pai, um pouco amante, um pouco sócio, um pouco aliado e um pouco filho. E a mulher deve ser o correspondente complementar a cada um desses papéis. Se o homem se fixa num só desses papéis ou se em vez de sócio se comporta como dono e, em vez de aliado, como comandante, e nem cogita ser um pouco filho, o desequilíbrio reproduz uma relação desigual.

Após a fase de dominação masculina e da antítese da rebeldia feminina, talvez estejamos nos encaminhando para a síntese. Um momento histórico para pesar os prós e contras das experiências passadas e escolher um caminho mais harmonioso. Quem sabe seja o fim da guerra dos sexos. Em conseqüência a mulher pode mostrar sua força e o homem pode mostrar sua sensibilidade (que não tira sua força), sua acessibilidade, ficar mais próximo da mulher, numa posição que não é acima nem à frente, é ao lado.



Por Ieda Dreger. 

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