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Postado em 24 de Maio de 2016 às 14h15

Você consegue trabalhar fora sem se culpar?

Na virada do milênio, apesar de tantas transformações na vida das mulheres, que ocupam funções cada vez mais importantes nos diversos setores da sociedade, as questões relacionadas com a culpa parecem não ter mudado muito. Ao refletir sobre o tema, penso sobre a dificuldade que a mulher tem encontrado para buscar um lugar de conforto em relação aos seus papéis de mãe e profissional.
Em que medida tem sido boa aquela idéia de excluir a mulher do mercado de trabalho quando engravida e sente que precisa abandonar suas atividades profissionais e pessoais e como se não tivesse a outra escolha? É bem verdade, que a sociedade não tem sido nada compreensiva em relação a esta questão. No entanto sinto que cabe também a mulher encarar o fato de forma diferente e livrar-se das culpas.
Acredite, ainda existem muitas mães querendo não abrir mão desse papel materno idealizado e de não deixar faltar nada aos seus filhos. Como se essa fosse a forma de faze-los felizes, ou como se fosse possível alguém fazer outro alguém feliz. Podemos, quando muito, ajudar, apenas.
Marta que teve quatro filhos e continuou exercendo suas atividades profissionais. É bem verdade que sempre teve boas ajudantes. No entanto, conforme as crianças cresciam, a família ia reconstruindo um lugar de conforto para aprender a lidar com as ausências, os limites, imperfeições, e aceitar o que era possível em cada situação. Era um dia após outro construindo, passo a passo, o aprendizado das emoções
Quando eles eram bem pequenos Marta trabalhava perto de casa, mas isso não diminuía a correria nas horas das mamadas quando, então, era visada e interrompeu o trabalho por um tempo. No início ela sentia culpas, mas que foi descobrindo, aos poucos, que elas não ajudavam de forma alguma na solução dos problemas do dia-a-dia. Ela precisava sim era ter calma, pois, do contrário, iria ficar louca e tirar o sossego dos seus filhos.
A calma? Fácil falar! Acreditem, mulheres, mães, parceiras de luta que, com cobranças em excesso, o estresse é quase certo e não resolve: só atrapalha, e muito, na hora de fazer escolhas ou tomar decisões.
Uma das coisas que ajuda muito a lidar com a ausência dos pais, é valorizar os momentos junto da família. Uma grande maioria das mães que trabalham fora, em vez de aproveitar o fato de estarem presentes, acabam tendo comportamentos de superproteção ou excesso de permissividade para compensar a falta, que muitas vezes está muito mais forte em suas mentes do que na cabeça das crianças.
É fundamental perceber como cada criança elabora a falta do pai da manhã. Explico: se ela for uma boa ausência, poderá ajudar a desenvolver sentimentos de auto-estima, autoconfiança e senso de segurança no mundo, além de uma capacidade maior em lidar com as frustrações.
Fica, aqui, uma dica que certamente poderá acalmar você: procure se desprender das culpas e certezas e não interpretar qualquer comportamento de seus filhos como se pudessem ser explicados exclusivamente pela suas ausências. Esta forma de pensar e olhar para as situações traz mais angústias, mais culpas e queria fantasmas desnecessários.
Definitivamente penso que ser bom pai/mãe não significa se concentrar tão intensamente nos filhos a ponto de desistir da própria identidade. Se as mulheres que foram educadas para participar ativamente da sociedade pararem de fazer isto, estarão arriscando seu senso de individualidade e, sua satisfação e sua eficiência como mães.
É preciso ampliar as possibilidades de convivência no nosso mundo, construir novas formas de maternidade e paternidade, flexibilizar as condições de trabalho para que pai e mãe possam encontrar um espaço para a vida familiar. Para evitar o isolamento desse núcleo, eles precisam criar redes familiares por intermédio dos parentes, amigos ou babás que possam estar com as crianças quando eles, pais, não puderem estar.
E pensando a respeito desse tema tão delicado, gostaria de sugerir que mães e pais agissem com o coração e se ajudassem mutuamente no crescimento pessoal e paternal. Acredito que o maior desafio emocional de todo tempo seja modernizar nosso conceito antiquado da maternidade. É uma mudança difícil, mas plenamente possível se todos nós estivermos verdadeiramente empenhados.

Por Ieda Dreger. 

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