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Postado em 24 de Maio de 2016 às 15h21

Socorro! Sinto-me sozinho na minha família

“Eu me sinto sozinho na minha família. Eles não falam comigo e eu não consigo falar com eles. Quando falamos, brigamos, tenho medo ou desconforto de chegar perto, mas me ressinto por estar longe. Olho as famílias de meus conhecidos e amigos e percebo o quanto gostaria de ter uma. Isso me entristece e atrapalha minha vida.”
Eu tentei dizer a este meu cliente que ele tinha uma família, mas de alguma maneira era muito difícil para ele entender isso. O que ele queria, ele sempre teve, mas não do jeito que queria.
Cada um de nós precisa de proximidade por um lado, e também de distância, por outro lado. Precisamos pertencer a algo e, ao mesmo tempo, precisamos sentir a nossa autonomia. Precisamos de suporte e proteção, mas também de liberdade.
Essas condições aparentemente irreconciliáveis são na verdade a fonte da nossa vida e do nosso amadurecimento. Precisamos de suporte e amor para sermos independentes e é com a segurança de quem cuida de nós que poderemos ser autônomos e independentes. Através da vida, o equilíbrio entre estes opostos será peculiar e característico a cada fase. Como bebês, crianças, adultos e idosos sempre haverá uma combinação entre proximidade e distância.
Então, o que estaria acontecendo com esse adolescente que me procurou para ajudá-lo?
Como bebês somos totalmente dependentes e desejamos nada mais que a constante atenção de nossa mãe. Se ela não puder estar lá por alguns minutos, a recriamos, incorporando-a em nós. Chupamos o dedo, trazendo-a, assim, de volta, de uma forma mágica, que no passado nos aliviou nos curtos espaços de tempo em que não tínhamos a presença física dela. Mas, inevitavelmente, crescemos tanto em tamanho como em complexidade e, por volta dos dois anos de idade, começamos a arriscar certa distância de nossos pais. Disse certa, pois é bom que eles fiquem à distância de um grito ou de um poderoso choro. Daí em diante precisamos aumentar a distância, criar nossos espaços, nossas vivências e, se tudo der certo, poderemos estar em nossos espaços, de certa forma distantes de nossas famílias de origem, mas cada vez mais enraizados no coração deles, como eles no nosso.
- “Mas se eu quiser prender meu filho como devo fazer?”
Simples! Despreze-o, critique-o em demasia, faça-o se sentir um ingrato. Crie uma atmosfera de frieza e racionalidade em volta de vocês. Crie brigas entre os irmãos, falando mal de um para o outro. Quando ele o ajudar, diga que não fez mais que a obrigação e, assim mesmo, não está tão bem feito quanto faria o irmão dele. Elogie-o sobre um assunto e, cinco minutos depois, critique-o sobre o mesmo assunto. Diga que você gosta dele, mas não entende porque os filhos não gostam de você. Seja egoísta e mesquinho, mas nunca admita isso. Sempre que ele te contrariar, diga que ele é egoísta e mesquinho. Não se esqueça de que você é a vitima e ele, o seu filho, é o algoz.
Assim, da mesma maneira que o meu jovem cliente do começo do texto, ele sentirá o peso dessa falta e a carregará por onde for. Todas as relações afetivas dele provavelmente serão marcadas por essas lembranças e vazios. Ele lutará, mas se manterá preso.
Alguns nunca sairão da casa de origem, com a sensação de que o mundo lhes deve algo. Provavelmente se tornarão “adolescentes estendidos” e passarão a vida em eternas brigas com seus pais, ao mesmo tempo em que lhes fazem companhia.
Outros, com melhores resultados, passam horas e horas a falar de seus pais com seus psicólogos, acusando-os de serem distantes e críticos. Até que descobrem que estão repetindo tudo de novo e começam a agir de outra forma.
Parece existir um movimento de que quanto mais o jovem vai alcançando sua autonomia e sua diferenciação, mais ele vai sendo capaz de se relacionar com seus pais, de pessoa para pessoa, e mais se vê enraizado na família, não preso a ela.
Mas, calma! Isso é o aprendizado de uma vida e de algumas sessões de psicoterapia.
Portanto, não perca tempo criticando seus pais, eles fizeram o que sabiam fazer. Procure se compreender e se não gostar, faça diferente.

Por Ieda Dreger. 

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