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Postado em 23 de Maio de 2016 às 15h37

Como anda sua relação com os sogros?

Depois das festas de final de ano, a reclamação maior que tenho percebido no consultório é a má relação das pessoas com seus sogros.
Bem, se pensarmos que este é um dos fatores de maior desgaste numa relação (outros são sexo e dinheiro) vamos entender que aqui temos um nó. E quando há um nó, ele acaba se refletindo em outros fatores da vida do casal.
Em geral as pessoas queixam-se DA SOGRA. Que ela é metida, que quer opinar demais na relação, tem uma influência muito grande sobre o cônjuge, etc. O que interfere na vida do casal. Mas quando falamos de sogras metidas, estamos falando de alguém que não consegue dar limites. De quem é a responsabilidade sobre este emaranhamento? De quem é a obrigação de mostrar as fronteiras necessárias?
Cada família precisa de fronteiras para proteger sua diferenciação e coesão. Quando um casal se casa precisa diferenciar-se da família de origem de ambos (pais e irmãos). Precisa estabelecer fronteiras para que pais, irmãos, tios, amigos, colegas, etc. não interfiram em seu relacionamento. Quando duas pessoas se casam, trazem consigo uma bagagem formada por suas experiências de vida, pelos valores provenientes de sua família de origem e de sua história pessoal, pelas influências do contexto, e irão necessitar de um espaço próprio para negociar estas diferenças sem a intermediação de terceiros. O casal precisa construir um conjunto de regras e valores próprios, formando assim um novo conjunto de duas pessoas em interação (e que não devem corresponder à "importação" dos hábitos e regras de um dos lados). Os primeiros anos de relacionamento podem incluir alguns braços-de-ferro ou lutas de poder que, mais cedo ou mais tarde, dão lugar a coesão e à compreensão de que, para que a nova família evolua, é preciso que ambos abram mão de algumas convicções.
Quando a família de origem continua exercendo influencia na vida do novo casal e este não consegue estabelecer limites até onde esta influência por acontecer, a vida conjugal fica vulnerável. Pode ocorrer também que em cada dificuldade do casal, os cônjuges recorram às famílias de origem buscando alianças que cada vez mais dificultam a coesão do próprio casal.
Muitas vezes quando as pessoas tentam construir uma relação, enfrentam diferenças imensas na forma como se relacionam com suas famílias de origem. Porque há um telefonema aos pais ou dos pais diariamente, em momentos impróprios e que toma horas e horas da atividade do casal, ou porque há um que acha aceitável que os pais ajudem financeiramente, enquanto o outro não concorda com isso; ou porque em uma família é comum que o novo casal seja visitado sem combinações prévias e o outro cônjuge acha isso insuportável porque isso implica uma ajuda importante com as tarefas domésticas e os cuidados com as crianças em quanto o outro se sente sufocado dentro de sua própria casa.
È verdade que as regras do casal devem ser construídas pelo próprio casal, mas também é verdade que quando esta construção não deu certo ou não está dando resultado, é importante recorrer à terapia de casal para resolver esta situação e para repor a harmonia e as fronteiras.
Nem sempre é fácil reconhecer os sinais de emaranhamento e muito menos ser solidário para com as queixas do cônjuge. Mas só se os problemas forem identificados e as necessidades de cada um forem consideradas é possível avançar para as mudanças que promovam o bem-estar de toda a família. Muitas vezes um dos membros do casal vive com medo de magoar os próprios pais e, por isso, protela decisões importantes. Mas o preço a pagar pode ser o fracasso do próprio projeto familiar.
Lembrem, não é impossível colocar limites, embora possa ser difícil em algumas situações. Sim, porque não estamos falando em distanciamento afetivo, mas, do estabelecimento de regras que possam facilitar a exteriorização dos afetos. Porque a união familiar não equivale ao emaranhamento dos papéis. Porque quem ama respeita o espaço do outro. E porque os pais têm de viver as suas vidas em vez de tentarem viver através das vidas dos filhos.

Por Ieda Dreger.

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